18.5.10

Suicídio?

Por um momento, nem sei mais porque estou fazendo isso. Mas logo essa sensação passa. A frieza pode ser imensurável, mas vale a pena; é considerada de forma diferente, podando o oxigênio do ar. Os passos não cessam e insistem em fazer um ritmo contagiante. Combinam com os meus passos, talvez até com meus movimentos: tempo no pé, contratempo no dedo, tempo no pé, contratempo no…. ai, odeio quando as coisas não vão de acordo com os planos.

Mais um cai e não posso fazer mais nada… quer dizer, além do que já fiz. Bem que eu podia ter pegado uma cadeira mais confortável. Ah, de novo, por que estou fazendo isso? Ah, é… a vida… é a resposta de tudo. Ou a falta dela. Que momento magnífico, o encontro de vários destinos distintos. Ou melhor, destinos que seguem duas linhas tortas: a morte e a vida. Talvez se eu tivesse comido sobremesa hoje… eu… não, continuaria o mesmo.

Os passos pararam um pouco. Talvez seja melhor eu dar uma olhada, ver o que está acontecendo. Lá embaixo continua tudo como estava,talvez estejam na escada. Ai, saco… Não posso me dar esse luxo de ser visto. Mas é tão bom ver as pessoas tão pequenas e frágeis, pequenos pontos em busca de sentido que apenas pararam na beira da calçada na esperança de encontrá-lo. Como algumas pessoas podem ser desesperadas. Talvez encontrem outra coisa… hum, se bem que alguns destinos estão reservados apenas para certos seres. Afinal, nem todos merecem morrer. Veja aquela mulher, por exemplo, aposto que ela tem um filho e uma mãe dos quais ela cuida. Batalha, mas consegue cuidar. No final do dia a mãe ainda reclama que o dia foi muito quente e o filho chega com más notas. Mas nada disso é culpa dela, aposto. Ela faz o que pode… Trabalha por ela e pelo marido falecido para sustentar uma casa com três e todas as contas que vem junto. Escola particular nem pensar. Sobrevivência vem primeiro, como um instinto. Talvez ela tenha parado aqui embaixo para sentir algo diferente no dia, botar tempero nessa realidade chata.

Ah, quem sou eu para culpar a realidade. A minha sou eu mesmo. Eu sou chato. Perguntem para eles, os de boca escancarada. Eles dirão que até tem pena de mim, mas não me suportam, não mesmo. Ai, bate um remorso de vez em quando. Esse é o tipo de sentimento que temos que deixar de lado, não acresce em nada (mas para onde eu cresceria, mesmo?). Lá vem mais um. Já vejo ele abrindo a porta e me olhando com cara de dó e desprezo, caindo junto aos outros tantos. Ué, cadê os passos que ouvi? Deixa eu despertá-los por um instante, só um momentinho. Aqui, ali, aqui, lá, lá, ahá! Achei. Que pena, podia não ser assim, simplesmente, mas já que é… fazer o quê?

Cinco e quatorze. Está quase na hora. Espero que tenha gostado. É, você mesmo que está na minha cabeça, observador oculto! Não torne a cara, não! Te vejo sim e não há escape! Mas não se preocupe, não te darei o mesmo fim que o meu… espero. Apesar de você merecer morrer. Quem mandou simpatizar com um assassino? Quem…

4 comentários:

  1. Sarah19.5.10

    nossa. eu achei genial, se eu não estiver muito viajando na minha interpretação ... rs

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  2. sim, sim, genial, senhor levi.

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  3. Tia Quel30.5.10

    Oi sobrinho querido. Descobri seu blog e amei seu escrito. Bjs

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  4. Sarah7.6.10

    tá, pode ser o diabo, mas podia ser o Deus. rs. superinterpretação. rs
    quem sabe uma terceira tentativa.
    o gato do telhado.
    vou continuar tentando. rs

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