CAPA,

Passam pessoas. Passam velhos, adultos, jovens, adolescentes - e espero que não crianças. Passam pássaros, caminhões, cachorros, rios, Lua e Sol. Passam ventos, grama, bolas, carros, impressões. Passam toques, bolos, notas e música. Passam atrasos, desesperos, sossegos e calmarias. Passam crivos e raivas. Passam pratas e latarias. Passam pontes, postes, pedros e pedras. Passam claves, clóvis, credos e terra. Passam beldades e feiúras. Passam doces e aventuras, medos, bandas e bodes. Passam plumas, penas e bigode. Passam elefantes e leões - até marinhos. Passam espadas, medalhões, dragões. Passam varinhas, ilhas e botões. Passa o rato e seu rabo. Passam das avós o melado. Passam dores, amores, mortes e vidas. Passam cores, sabores, contos e poesias. Passam números - que não são nem um pouco depreciados. Passam dedos, pés, mãos, cabeça, corpo-todo. Passam ideias, saudades, risos e obrigados. Passa tudo - quase tudo. Não fica nada. Só algumas palavras.