19.12.10

De estar só

Nada pinta mais o rosto,
Nem seca esse molhado,
Ou refaz aquela dor
Dum peito enjaulado

Um espaço vago se vê
Nem música, arte ou sonhos
Invadem aquilo que falta
Sem os tais sorrisos bobos

Ah! E então?
Quem dera soubesse
o remédio da solidão

3.12.10

Como um trem

Que roda e range sem parar,
Olhando o céu, sobre o mar,
Cruza o verde tocado por pássaros,

Alaranjado e constante
Na música sua de máquina,
Quente no ventre negro e sólido,

Paredes que não se contém
O coração salta sem vez
Os trilhos titubeiam e fogem de lugar,

Não quero pensar
Só quero passar
Não quero pensar
Só quero passar

O grito surdo é atendido
Na encruzilhada, diverge
Compreende a escolha solitária

Seu raciocínio muda do vício
Olhos tentar recuar
Por saudades do ar

Estabelece errados os passos,
E a dor no coração
Faz a terra tremer

Um longo e sonoro gemido é ouvido
Os giros contrários:
Rubros em fúria

E agora? E agora? E agora?
E agora? E agora?
E agora?

Há sempre um novo caminho
Uma rua justa, bela e robusta
Onde vão em paz tuas rodas