9.6.10

Treze, Quatro, Oito

Minhas pequenas mão se lembram
Do toque enevoado na razão,
Quando do desespero a semente
Caiu nas terras minhas, úmidas e aradas.
Cresceu ali um pé-de-choro,
Com flores de tormento.
Maior, mais larga que as demais plantas,
Sugava delas seu alimento.
O golpe do machado ressoava:
"em vão... em vão... em vão"
Enquanto assistia suas sementes,
Se espalhando por todo o chão.

Pedi aos céus uma ajuda qualquer,
Que me consolasse um pouco o coração;
Veio, só, uma seca das brabas,
Perdi tudo que tinha na plantação.
Restava apenas a maldita árvore,
Que zombava do meu rosto em prantos.
Ao céu se ergueram os olhos;
Minha boca: raivosa, calada...
O desespero me vencera:
Perdi ali minha morada.

Aos poucos, porém...

Da árvore, o riso zombeteiro sumiu;
Seus galhos todos afrouxaram;
E o vento dizia: "caiu... caiu... caiu".
A lâmina, enfim, completou seu trabalho,
Enquanto via o saudoso vento
Carregar nas suas velhas costas
Grão, chuva e sustento.
Minhas grandes mãos recordam
De cada um desses feitos;
Se voltam ao contente céu estrelado:
"Obrigado... obrigado... obrigado"

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