25.10.10

Crescer é um processo



- Vem, filho. Este usou suas curtas pernas para pisar no misto de grama e terra, no jardim de casa.
A mãe pegou o vaso de barro cheio de terra, abriu o saquinho em suas mãos e depositou gentilmente cada semente em sua posse. O menino aprendia com os olhos, sedentos, ao ver a mãe remexendo a terra e molhando.
- É assim!
Era assim! E em algum tempo, viria a ser como uma de suas irmãs ao lado, grandes e robustas. Partiu a mãe. Ficou o menino, olhando. Olhava a terra, não mais virgem, olhava o tempo, o Sol. Talvez o Sol quente secaria as frágeis sementes. Seu destino foi a cozinha, em frente à janela, para não ficar com saudade de suas irmãs. Agora é o menino que estava plantado no piso da cozinha, ao lado da pia que gotejava. Olhou, olhou, olhou a terra, olhou o tempo, olhou o relógio e mediu o momento. Os olhos acompanhavam o ponteiro dos segundos, ignorando os outros dois. Este descia mais rápido, e subia também, era mais vantajoso. Olhou a terra mais de perto, para ver se algo se mexeu. Como nada acontecia, pôs o vaso de barro embaixo da pia gotejante. Pingo, pingo, olhar, olhar. Algumas gotas já escorregavam pela terra, mas nada acontecia. Olhou o relógio e os segundos continuavam a rodar, rodar. Abriu mais a torneira, e um filete de água matava a sede da terra. Olhou a água, a terra, o tempo, o relógio. Nada, mas nada. Rodou a torneira como o ponteiro dos segundos roda no relógio (mas para o outro lado). Agora as sementes deviam estar saciadas, deviam crescer. A mãe chegou e o menino ainda estava plantado, quase molhado. Perdeu um vaso.

O menino estava olhando para o ponteiro errado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário