20.6.11

Sinfonia do céu

Em tons claros passa o dia,
Retorcendo o laranja em azul,
Enfeitado de pingentes brancos,
Rastros dos anjos imaginários,
Caminhos de qualquer fantasia,
Que deslizam em bandos,
Como dirigíveis intocáveis.

Ao pé um verde ralo, pouco e sincero
Suporta o astro-rei na escalada solitária
(a qual nenhum homem jamais fará igual),
E dando também certeza
de que é
real
e também realeza.
Do pó vemos acima,
E do pó acreditamos.

Mais um pouco, o azul,
Na tristeza de um amor perdido,
Roxeia o laranja,
Nos últimos abraços
De uma despedida carregada,
Uma tristeza sem carga, nua e inevitável,
Cuja dor vem consolar
Pelos trovadores do ar,
Aqueles tantos que de anos caminham,
Chegando às vezes mortos...
Mas não sua música,
Interpretada sempre
Pela dama
Branca e tímida,
Que por ora, de vestido volumoso
Mostra tanto, tanto
Que nela nadamos

Não vejo harmonia,
Entre a diária sinfonia do céu
E meu ser calado,
Que enfraquece voz ao lado,
Por desgosto de ser tão destoante
Parece que o ritmo, no fim, é diferente
E deve ela mesma seguir à frente
Enquanto prendo eu no meu atraso

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